sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Deserto do Atacama - Parte 3: O que Fazer no Deserto?

Bom, agora que já tivemos uma boa noção sobre tudo para garantir uma boa viagem, vamos desbravar o deserto!

Sobre as atrações que visitei:

* City Tour San Pedro do Atacama: Bom, nada melhor começar pela cidade-base em que você provavelmente ficará hospedado. Como você irá perceber, San Pedro é uma cidade minúscula, daquelas que tem praça, coreto e Igreja. Mas ainda assim, vale a pena dar uma voltinha para conhecer um pouco do lugar. A praça é a Plaza de Armas (presente em quase todas as cidades dos países da América Latina), que é o ponto central e onde tudo se concentra. A sua frente, tem a Iglesia de San Pedro de Atacama, que é branquinha e feita de adobe, com teto e porta de de madeira de cactus, com entrada gratuita e é um Monumento Nacional. Ainda, há o Museo Arquelógico Gustavo Le Paige, um estudioso da cultura atacamenha, no qual há vários objetos históricos incas. Na sua frente há um semáforo de raios ultravioletas, indicando a nocividade da irradiação do sol. Você também encontra a Casa Incaica, onde o conquistador espanhol Pedro Valdivia se hospedou quando da conquista do território Inca e é a construção mais antiga da cidade na qual hoje funciona uma loja de artesanato. Também, há Feiras de Artesanato, onde é possível comprar vários souvenirs e objetos típicos da região. E como eu não poderia deixar de falar, numa destas feiras fica uma gatinha chamada Kitty, que é um pouco temperamental, porém adora o carinho, e por isso, pra mim, é uma parada obrigatória todas vez que eu vou! =)


Semáforo de raios ultra violeta, Iglesia de San Pedro de Atacama e Kitty e eu


* Valle de la Luna e Valle de la Muerte: O Vale da Lua e o Vale da Morte provavelmente será o primeiro passeio que você irá fazer no deserto (e eu recomendo começar por ele, por conta da altitude um pouco menor que a dos demais). Este é o passeio que você tem que fazer, senão você não poderá dizer que foi ao deserto. Aqui você encontra o deserto propriamente dito. É uma caminhada leve no meio da Cordilheira de Sal em que você passa a descobrir um pouco mais como todas aquelas formações aconteceram. Ao caminhar, preste atenção no som do estralar dos cristais de sal, devido ao sol quente. Este passeio geralmente acontece na parte da tarde e termina num mirador para poder observar um dos pôres do sol mais bonitos que eu já vi na vida e que é cor de rosa (atualmente perdeu o posto para o por do sol em Oía, Santorini, mas isso é tema para outro post!). Então, além da sua câmera, leve protetor solar (muito), óculos escuro, um chapéu (eu não consigo usar, mas é recomendável), água, colírio, soro fisiológico, tênis confortáveis, roupas leves (mas leve um casaquinho, porque no final do passeio já estará mais frio, e o Vale da Morte tem um vento de lascar).


Em ordem: Valle de la Luna, Três Marias e Dinossauro, Pôr do Sol no Mirante, Valle de la Muerte, Anfiteatro, Pôr so Sol Rosa

* Salar do Atacama: Aqui você já começa a observar que não é porque é deserto, que não existe vida. A primeira vez eu jamais poderia imaginar que eu encontraria flamingos no deserto. Sim, aqui você encontrará três espécies de flamingos, que ficam na Laguna Chaxa para se alimentar. O Salar do Atacama se encontra na Reserva Nacional dos Flamingos (que conta com diversas atrações sobre as quais eu falarei adiante) e é o maior do Chile (maior concentração de sal). Geralmente, as agências que fazem esse passeio incluem nele uma visita ao povoado de Toconao, que foi construído de pedra Liparita e madeira de cactus, sendo uma das oportunidades de se comprar artesanato típico.


Flamingo na Laguna Chaxa, Toconao, Salar

* Lagunas Altiplánicas: Se eu tivesse que escolher a paisagem mais bonita do deserto, com certeza, seria esta. As Lagunas Miscanti e Miñiques também fazem parte da Reserva Nacional dos Flamingos e foram formadas pelas águas da Cordilheira de Sal e pelos vulcões que as cercam e têm águas tão azuis e praias tão clarinhas que a paisagem, por mais que você esteja de lá vendo com seus próprios olhos, parece mais uma tela de pintura a óleo. Aqui você terá a oportunidade de ver várias vicuñas, alguns tipos de pássaro e se der sorte,  um autêntico zorro (raposinha). Geralmente, as agências de turismo incluem no passeio o povoado de Socaire, parando nele para fazer uma refeição tipicamente atacamenha.


Socaire, Vicuñas, dois ângulos das Lagunas

* Laguna Cejar e Ojos del Salar: Outra atração que faz parte da Reserva Nacional dos Flamingos. Se você gostaria de visitar o Mar Morto, mas o Oriente Médio fica um pouco fora de mão, a Laguna Cejar pode ser uma alternativa. Além de ter um azul lindo, ela possibilita que você nela mergulhe e flutue, devido a sua grande concentração de sal e lítio. Prepare-se: você vai sair totalmente branco dela, mas normalmente as agências levam água doce para que possamos tirar todo o sal que fica grudado na gente. Próximos à Laguna Cejar, estão os Ojos del Salar, nos quais também é possível dar um mergulho, mas por serem de água doce, não há flutuação. Eu consegui entrar na Laguna, apesar da água estar fria no começo, você se acostuma e dá pra aproveitar. Só torça para não começar a ventar e leve sua roupa de banho e uma toalha!

 
Laguna Cejar, Flutuando, Ojos del Salar, Chico que queria sacar una fotita

* Laguna Tebiquinche: Localiza-se próximo à Laguna Cejar (geralmente, os dois passeios são feitos juntos). Possui grande concentração de sal. Tanto que, quando eu fui, água mesmo eu quase não vi (a quantidade depende das chuvas e do degelo), e era possível caminhar sobre a laguna, que mais parecia neve olhando de longe, de tão branquinha que estava. Dá para tirar várias fotos legais aqui (daquelas, de colocar na capa do Facebook).


Um pouco de água com sal, no meio da Laguna, não é neve, é sal, metendo o pé no sal

* Geysers de Tatio: Prepare-se. Este é o passeio que sai às 4hs da manhã do hotel (converse na recepção de onde estiver hospedado, normalmente os hotéis oferecem um lanchinho para você levar e comer no caminho). Além disso, é o passeio mais frio do deserto (pelo menos de todos os que eu fui, peguei -10ºC em pleo verão). Portanto, use roupas próprias para frio, preferencialmente térmicas. Mas todo esse perrengue vale a pena. Trata-se de um centro geotérmico e a atividade dos geysers só é possível de se observar bem cedinho (às 6hs da manhã). Basicamente, é um monte de fumaça saindo pelo solo, já que as águas que por lá passam são naturalmente aquecidas pelo vulcão El Tatio. Por causa disso, há pisicinas naturais de água bem quente, onde é possível se banhar (aqui, só posso desejar sorte e tudo de bom para quem tentar, entrar na água quente é fácil, mas vai sair depois no frio do cão...). Você também vai ver um monte de gringo sem vergonha tirando a roupa sem o menor pudor pra entrar nas pisicinas. Ao final, as agências costumam servir um café da manhã aquecido pelo vapor dos próprios geisers. Na volta, as agências costumam passar pelo Povoado de Machuca, que contam com apenas sete habitantes e no qual você pode provar espetinho de carne de llama (não tive coragem).



* Salar de Tara: Sim, eu sei, a este ponto você deve estar pensando: Mas, outro salar?? Já vi tantos, pra que ver mais um? Bom, eu mesma fui neste apenas da segunda vez que visitei o Atacama, até porque estava muito caro da primeira vez que eu fui. Enfim, eu acho que as fotos por si só convencem (pra mim, aqui é o 2º lugar no prêmio de melhor paisagem). Mas só o percurso de ida vale a pena. Este passeio eu fiz com um guia particular (Felipe, que mencionei no post anterior) e andamos praticamente de off road no meio do deserto (sim, você tem que ser forte para grandes emoções!). Tem hora que parece que você vai cair no meio de um abismo, mas não. Para quem já foi, assemelha-se muito aos passeios de bug nas dunas do Nordeste Brasileiro, mas com mais areia. E quando você chega no salar, é uma paz e uma beleza tão grande e com uma quantidade de flamingos muito maior que a do Salar do Atacama. Como é uma atração aberta ao público relativamente recente com relação às demais, o lugar não conta com muita infra estrutura (pelo menos até o fim de 2012), então não se assuste se não tiver banheiro e você tiver que ir num matinho qualquer...

El Indio, Caminho para chegar no Salar, Chegando ao Salar de Tara, Flamingos, Llama e bichinho fofo saindo da toca

* Vale do Arcoiris: Eu só conheci o Vale do Arcoiris porque no dia, estava previsto para eu escalar o Vulcão Cerro Toco, mas, devido à altitude e ao cansaço, eu não consegui ir até o final (foi a única vez que eu senti, de fato, as mazelas do soroche). Assim, como sobrou tempo, acabei indo até lá. É um vale com formações rochosas de argila e minerais que formam diversas cores e fica ao pé do Rio Grande e seu povoado. Sinceramente, eu acho uma atração "passável", perto das outras tantas que há para conhecer.




* Vulcões: O deserto do Atacama é rodeado de vários Vulcões. O primeiro que você avistará é o Licancabur, que na realidade, fica do lado boliviano. Ele é onipresente em San Pedro e você o avistará em quase todos os passeios que fará. Há ainda aqueles que já mencionei durante as atrações anteriores. Bom, diante desta fartura de vulcões, a prática de trakking é muito grande. Contudo, não é uma coisa fácil de se fazer. Depende do vulcão escolhido, da sua prática, de várias condições. Nunca faça isso sozinho, procure agências ou guias especializados e faça apenas de acordo com a sua possibilidade. Há vários vuclões escaláveis, sendo o próprio Licancabur um deles, mas você tem que passar para o lado boliviano para fazê-lo. Do lado chileno há o Lascar, Cerro Toco, Ojos del Salado, Sairecabur, entre outros. Eu tentei escalar o Cerro Toco, mas não consegui ir muito além da metade. Mesmo já habituada com a altitude e com um bom condicionamento físico, a altura me pegou de surpresa e eu nunca senti tanta tontura na vida. Se você quiser ler meu relato, você encontra no meu outro blog! (Fefa's Mind: O dia em que NÃO escalei um vulcão: http://fefamind.blogspot.com.br/2013_02_01_archive.html) ;)

Vulcão Licancabur, Vista da subida do Vulcão Cerro Toco, preparação para subir o Vulcão, Desistindo...


* Tour Astronômico: Caso você não saiba (até eu ir para lá, eu também não sabia), o Atacama é o melhor observatório do céu do planeta, devido às condições climáticas que o deserto mais árido do mundo proporciona (quase não chove e não há nuvens), além de sua grande altitide. Inclusive, lá é o local onde se desenvolve o Projeto Alma (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array - você pode saber um pouquinho mais sobre este projeto em seu site: http://www.eso.org/public/brazil/teles-instr/alma), uma cooperação entre Europa, Estados Unidos, Ásia e Chile e que consiste num telescópio de última geração que estuda a radiação produzida por alguns dos objetos mais frios do Universo. Algumas agências de viagem proporcionam uma ida a pequenos observatórios com telescópios potente, no qual você pode observar o céu em toda sua plenitude. Porém, este tour não é possível em todos os dias do mês, pois a Lua cheia atrapalha a observação das estrelas e ele também não ocorre quando o ceú está nublado (o que é raro, mas pode acontecer, inclusive, aconteceu na minha segunda visita ao deserto). Eu fiz o tour pela Agência Space, sobre qual já falei no post anterior. Repito que eles são muito honestos quanto à possibilidade ou não de fazer o tour (em razão da Lua cheia ou céu nublado). Também, como já disse, este é um tour feito à noite e inclui o transfer até o observatório. Lá há uma explicação de um astrônomo e você pode ver o céu pelos telescópios. Ao final, eles oferecem um chocolate quente, um café, um chá de coca (a sua escolha) e um cobertor, porque, além do frio noturno, o lugar é totalmente aberto, Portanto, não subestime o frio e vá bem agasalhado! ;)
 


Lua vista do Telescópio


Agora vou falar um pouco sobre as atrações que não visitei (por isso não tem fotos, já que todas as aqui postadas são de minha autoria), seja por falta de tempo, seja porque não me interessei (mas você pode se interessar!):

* Tour Arqueológico: o Atacama é o maior sítio arqueológico do Chile. Lá você consegue encontrar escavações de construções dos antigos povos atacamenhos, além de muitos petroglifos. Este tour costuma passar pela Aldeia de Tulor, que consiste em antigas habitações típicas e formam o padrão de círculos. Também, há a Pukara de Quitor, que é uma fortaleza (Pukara) onde ocorreu a batalha na qual os espanhóis conquistaram os índios atacamenhos.

* Termas de Puritama: Como o próprio nome diz, são piscinas naturais de água quente (em torno de 30ºC) e seu nome siginifica exatamente isto (puri=água e tama=quente). Nela existem minerais que dizem ter poderes curativos para reumatismo e você pode se banhar nelas.

* Salar de Talar: Apesar do nome, não tem nada a ver com o Salar de Tara. Sim, é outro salar que fica um pouco mais distante de San Pedro. Não tenho como descrever porque nunca visitei (apesar de querer fazê-lo), mas quem já foi garante que é mais uma dessas paisagens bestificantes do deserto. Em todas as agências que eu passei nunca vi oferecerem este passeio, mas tenho certeza que uma ou outra deve fazê-lo.

* Sul da Bolívia: Pela proximidade, várias agências oferecem tours para atrações do Sul da Bolívia, que podem ter durações variadas (um dia, três dias, etc...). Esta era uma coisa que eu realmente gostaria de fazer, mas que devido ao tempo exíguo que tinha nunca consegui. Lá você pode observar as Lagunas Verde e Colorada, famosas pela sua coloração verde esmeralda e vermelha, cujas cores se modificam conforme o passar o dia e a movimentação dos minerais que nelas se encontram. E também, o tão conhecido Salar de Uyuni, que é a maior planície de sal do mundo.

Bom, do Atacama era o que eu tinha para dizer. No próximo post encerrarei as dicas sobre o Chile com a Ilha de Páscoa.

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