quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Ilha de Páscoa - Parte 2: O que Fazer na Ilha?


Pois bem, agora que você já sabe como chegar até a Ilha, onde ficar e onde comer, fica a dúvida: o que tem pra fazer lá?

Mapa das atrações da Ilha

Bom, com certeza se você está pesquisando sobre a Ilha de Páscoa e quer ir para lá, provavelmente seu maior interesse é ver nada mais, nada menos, do que autênticos Moais, cartão postal Rapa Nui típico. Te garanto, você não vai ficar decepcionado! É o que mais se avista por lá, a ponto de (sim) enjoar.

Não é um Moai de verdade, é uma réplica!

Mas o que são os tais Moais? São estátuas esculpidas em pedras vulcânicas da Ilha, de alturas variadas, conhecidas por serem cabeçudinhas e com tronco pequeno. As lendas que os circundam vão desde como eram produzidos até como eram transportados. Você encontra teorias espirituais e até extraterrestres sobre eles. A mais aceita é a que eles eram esculpidos na própria pedra e depois transportados por troncos de árvores existentes na Ilha (o que é reforçado pelo pequeno número de árvores atualmente nela encontrados). Creio que sua produção se assemelhe a algo parecido com a construção, a grosso modo, das Pirâmides do Egito.

E para que serviam esses Moais? Crê-se que eram representações de líderes mortos e funcionavam como elementos de proteção das Tribos Rapa Nui, tanto que a grande maioria tem as costas voltadas para o Oceano e os olhos para a terra, pois acreditava-se que deles se emanava energia para seu povo. Por isso, você perceberá que hoje nenhum dos Moais conta mais com seus olhos originais, pois durantes as guerras entre as Tribos eles eram destruídos. O único exemplar original de olho de Moai é encontrado no Museo Antropologico Sebastián Englert, no qual também está o único Moai Feminino.

Como se irá perceber a maioria das atrações da Ilha se resume a Moais e seus Ahus, que são as plataformas em que estes ficam enfileirados horizontalmente, sendo antigos altares de adoração.

#Dica da Fefa: Em nenhuma hipótese suba num Ahu ou toque um Moai. Os nativos da Ilha levam muito a sério a conservação de sua história e patrimônio. Então você nem imagina o escândalo que eles fazem quando alguém só ameaça chegar perto (claro que sempre tem turista engraçadinho tentando). Então, não desrespeite a cultura e as tradições Rapa Nui, afinal, você está na casa deles.

Cuidado! Você pode ser multado e banido da Ilha!

#Dica da Fefa2: Assim como eu já disse quando falei sobre o Atacama, acredito que aqui seja um local que não tem a menor graça de se fazer sem um guia, embora seja possível alugar um carro, uma bicicleta ou até mesmo um cavalo e fazer as atrações por conta. Pesquisando recentemente sobre isso, vi que as recomendações são para que, caso você opte por fazer os passeios por uma agência de turismo, faça reservas com antecedência. Como eu disse anteriormente, fui para a Ilha por um pacote de compra coletiva, mas gostei da agência que efetuou os tours: Kia-Koe Tour (www.kiakoetour.cl), que além das excursões regulares, conta com diversos serviços, como aluguel de carros, cavalos e transfers, entre outros.

Bom, então vamos falar um pouco sobre o que há para se fazer na Ilha. 

* Museo Antropologico Sebastián Englert: fundado pelo sacerdote que deu nome ao museu, tem uma coleção de objetos da cultura Rapa Nui, inclusive o único Moai Feminino e um olho de Moai original (os que você encontra na Ilha são pintados), na minha opinião, as únicas coisas que valem a pena ver no museu.

Moai Feminino, Escultura na entrada no Museu e Olho de Moai original

* Igreja Santa Cruz: Eu tive a sorte de chegar na Ilha em pleno domingo, dia em que há a missa na Igreja de Hanga Roa rezada em Rapa Nui. Independentemente de religião, é algo muito interessante para se ver.


* Rano Raraku: Este lugar, que é um vulcão, é conhecido como fábrica de Moais, pois era onde eles eram esculpidos, e podem se observar diversos pelo caminho, inacabados ou acabados e não transportados. Alguns, sequer chegaram a ser levantados (existe um Moai imenso que ainda está encravado e deitado). Se você veio para ver Moais, com certeza, este é o lugar.

Uma verdadeira fábrica de Moais
 
*Ahu Tongakiri: É o maior Ahu da Ilha e conta com quinze Moais, além de ser uma das paisagens mais bonitas da Ilha (se é que é possível escolher uma). É possível avistá-lo do alto por Rano Raraku e por baixo, chegando próximo (mas não toque, lembre-se!). Dizem que é um dos melhores locais da Ilha para se assistir ao nascer do sol, mas infelizmente não tive essa oportunidade. Este Ahu foi restaurado recentemente pois foi derrubado por um tsunami em 1960.

Entrada do Ahu, diferença de tamanho entre o Moai e eu, Ahu visto de cima (de Rano Raraku) e de baixo com o grande Moai deitado ao seus pés
  
* Ahu Akivi: Este é o único Ahu em que os seus sete Moais estão com os olhos voltados para o Oceano, apesar de curiosamente se encontrar no interior da Ilha. Ao lado existe uma caverna pela qual é possível se passar. Sinceramente, este é meu Ahu preferido, foi o que mais me tocou, o que eu mais gostei de observar e o que mais me intrigou, embora não saiba dizer porquê.


* Ahu Vinapu: Praticamente sem Moais, o que observa é que as construções lá remanescentes lembram em muito as construções Incas perfeitamente encaixadas de Cusco e Machu Picchu (cidades sobre as quais falarei em breve). No dia que eu fui tinha vacas selvagens pastando.


 * Orongo: É uma aldeia cerimonial onde ocorria o ritual do Homem Pássaro efetuado para escolher o próximo líder da Ilha (Tangata Manu). Ganhava o título por um ano aquele que trouxesse um ovo de Manutara (uma andorinha marinha) sem quebrar de uma das pequenas ilhas em frente à de Páscoa. Nela se encontram habitações nativas e petroglifos. Orongo se localiza no vulcão Rano Kau e por ela é possível fazer trilhas até sua cratera.

Entrada do centro de visitantes, vista para o mar das pequenas ilhas, construção de várias habitações, entrada de uma das habitações

* Vulcão Rano Kau: Este foi o primeiro vulcão com que tive contato na vida e é inativo. Se você busca um vulcão típico, este será um pouco decepcionante. É coberto por vegetação e tem pequenas poças de água espalhadas pela sua cratera. Ainda que não seja o que se pode esperar de um vulcão, tem um visual belíssimo.

Vulcão ou um campo cheio de poças d'água?

* Praia de Anakena: Ilha, mar, sol... Praia, certo? Não na Ilha de Páscoa. A Ilha tem formação predominantemente rochosa o que faz com que não existam praias como nós brasileiros estamos acostumados. A única existente é a Praia de Anakena, na qual dizem que o mar é quente (eu não achei), coqueiros e uma certa infraestrutura e um visual caribenho de águas azuis e cristalinas. Afora a parte da praia, o local conta com o Ahu Nau-Nau, cujos Moais mantiveram intactos os seus Pukaos (é aquele “chapeuzinho” que alguns possuem) e a parte posterior tem petroglifos de lagarto.


* Ahu Tahai: Este Ahu fica próximo ao centro de Hanga Roa então, se você ficar hospedado lá é fácil ir a pé e por conta própria. Dizem que é o melhor lugar para se ver o pôr do sol na Ilha. Eu concordo. O pôr do sol aqui é belíssimo (mas perde para o de Oía, Santorini e do Valle da la Luna, Atacama, na minha singela opinião). É um espetáculo à parte na Ilha.


* Caverna Ana Kai Tangata: Confesso. Sou uma criança de apartamento. Ir pra Ilha de Páscoa significou lidar com vários medos meus. Um deles, o de cavernas (vai que tem morcegos ou qualquer outro bicho lá dentro?). Mas uma vez chegando nesta caverna, formada pela lava de erupções vulcânicas, tudo se tornou relativo. A visão é espetacular, com o azul do mar e as ondas batendo nas rochas. Em seu teto há diversas figuras pintadas. Conselho de uma medrosa: vale o passeio! ;) 

Vista de dentro da caverna, vista de fora da caverna

* Pedra Te Pito Kura: É uma pedra grande e oval que dizem ser o “Umbigo do Mundo” (embora os Incas tenham escolhido Cusco para tal título, mas aí, acho que esta discordância entra em mais uma daquelas tantas existentes entre chilenos e peruanos). É um campo magnético, e as pessoas costumam aproximar bússolas para ver sua agulha girar sem parar. Acredita-se que esta pedra tenha poderes curativos e as pessoas costumam encostar as mãos (sim, aqui pode, mas não exagere, subindo em cima da pedra) e fazer pedidos. Eu fiz o meu, acho que não custa! 


* Puna Pau: É um centro vulcânico onde se talhavam os pukaos dos moais, conhecidos como aqueles chapeuzinhos que ficam em suas cabeças. Na realidade, discute-se até hoje qual o significado destes pukaos, se eram realmente chapéus, ou se eram os penteados utilizados pelas tribos ou até mesmo turbantes. Lá você pode observar vinte pukaos de grandes dimensões que ficaram lá para ser transportados. Ainda, pode-se observar a cratera onde eram talhados os pukaos, além de haver um mirador em que é possível observar grande parte da extensão da Ilha.

Um pukao, local onde os pukaos eram entalhados, vários pukaos e vista da extensão da Ilha

* Ahu Akahanga: Diferentemente dos ahus descritos anteriormente, os moais aqui estão caídos ou deitados. É um sítio arqueológico no qual não houve restauração, por isso é possível observar os moais em seu “estado natural”. Ainda, há algumas cavernas no entorno e uma feirinha de artesanato com Rapa Nui típicos e simpáticos. 

Eu com um típico Rapa Nui (lá não se diz "xis" para tirar foto, se diz "moai"), um Moai tombado e vista do mar

* Ana Te Pahu: Mais uma caverna que pode ser explorada na Ilha. Passei rapidamente por ela, é bem escura, portanto, leve lanterna (eu usei a do celular mesmo). Era utilizada como refugio pelas tribos Rapa Nui. 

É tudo muito escuro, mas dá para ter uma noção de como é! ;)
 
* Caleta Hanga Roa o Tai: É uma das encostas da Ilha que dá para o Oceano e que fica em Hanga Roa. Foi o meu primeiro contato com o mar na Ilha e é de lá que saem embarcações para a prática de mergulho (bem difundida aqui). Você ainda pode observar um Moai solitário.



** Encerro por aqui as minhas dicas de viagem em território chileno (pelo menos por enquanto)! Tem alguma sugestão do próximo destino? Fique à vontade para dar sua opinião! ;) **

Ilha de Páscoa - Parte 1: Visão Geral


“O que você foi fazer lá? Ver coelho? Trouxe um ovo de presente?”


Sim, estas são as piadinhas que mais ouço quando conto sobre minha breve aventura na Ilha de Páscoa.

Ahu Akivi


Hoje pertencente ao Chile, esta Ilha faz parte da Polinésia Oriental e se encontra cravada no meio do Oceano Pacífico. Apesar de ser parte do território chileno, uma vez lá, você vai perceber que nada de chileno ela tem, pois a cultura polinésia é dominante na ilha.

Porque o nome Ilha de Páscoa? Apesar de ter sido povoada pelos polinésios, ela foi descoberta pelos ocidentais num domingo de Páscoa (ahhhh... então é isso??) e é conhecida no resto do mundo pela sua designação em inglês: Easter Island, ou até mesmo em espanhol, como Isla de Pascua. Contudo, seus habitantes a chamam de Rapa Nui, que significa "Ilha Grande" ou Mata Ki Te Rangi, cuja tradução é "Olhos Fixos No Céu", ambos na língua Rapa Nui.

A Ilha de Páscoa, de formação vulcânica e formato triangular, além de ter sido declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, é o ponto mais distante de qualquer outro ponto do Mundo (ufa, cansa só de escrever!), localizando-se a 4.100 km do Taiti e a 3.700 km da costa da América do Sul. Por causa disso é carinhosamente chamada de Te Pito o Te Henua, cujo significado é "Umbigo do Mundo".

Acho que é um dos lugares do Mundo que mais é circundado de mistérios, talvez devido exatamente a esta distância. Existem muitas teorias de como os Moais (aquelas estátuas cabeçudas, sobre as quais falarei depois) foram parar lá. Além de tudo é um grande campo de concentração magnética, gerando mais outras tantas teorias extraterrestres.

Seja pelo visual, seja pela prática de esportes-aventura, seja pela curiosidade sobre os mistérios do Mundo, seja pela energia que ela atrai, é um lugar que vale muito a pena conhecer.

Ok, mas se é o lugar mais distante de todos os demais pontos do Mundo, como eu faço para chegar lá?

É possível ir de barco, a partir da cidade de Valparaíso (Chile), porém, é uma viagem de aproximadamente oito dias e há apenas duas saídas anuais. Logo, se sua pretensão é essa, tenha muitos dias reservados para isso.

O usual é ir de avião. Partindo do Brasil, é possível ir pela Tam (que incorporou a Lan), com escala em Lima ou Santiago (eu fiz a escala em Lima), neste caso, entre sair do país e chegar lá com a escala, a viagem costuma demorar umas 13hs (sim, é super cansativo, mas compensa no final). Há também uma opção de pegar um voo para a Polinésia com escala na Ilha.

Indo de avião, você chega lá no aeroporto de Mataveri (financiado pela NASA). Trata-se de uma Ilha, lembrem-se, portanto, não se assustem ao ver a pequenez deste aeroporto. Além disso, há uma fila única para passar na imigração. E todo mundo que estava no avião com você vai passar por ela. Então, tenha paciência.

Chegando no aeroporto e indo embora
 

No próprio aeroporto você pode pagar o seu ingresso à Ilha que atualmente está 60 dólares para estrangeiros. Se optar por deixá-lo para fazer mais tarde, a entrada ainda poderá ser paga nos setores de Orongo ou em Rano Raraku (informação obtida do Portal Chileno do Turismo: http://chile.travel/pt-br/aonde-ir/ilhas/ilha-de-pascoa).

Pois bem. Agora que já sabemos como chegar na Ilha, qual é a melhor época para ir visitá-la?

A Ilha tem um clima agradável o ano todo (não faz muito frio), sendo que o verão coincide com o mesmo período que o nosso (de dezembro a março), quando faz mais calor (leia-se: calor insuportável de quente, além de úmido). Os meses mais chuvosos vão de abril a julho (maio, por excelência), apesar de pancadas de chuva poder ocorrer durante todo o ano. De janeiro a fevereiro ocorre a alta temporada, devido ao Festival Tapati Rapa Nui (que é uma celebração da cultura Rapa Nui).

#Dica da Fefa: Sou obrigada a dizer, sem querer cortar o barato de ninguém (até porque eu acredito que viagens sejam investimentos com retornos incríveis), por se tratar de uma Ilha, o custo total desta viagem é bem salgado. A comida é cara, a hospedagem também é mais cara que o que normalmente vemos, além das próprias passagens. No hotel em que fiquei hospedada, tive que pagar o ar condicionado à parte (com o calor que fazia eu dava meus dois braços pra ter o ar condicionado). Então, procure levar um pouco mais de dinheiro que você costuma levar. Outra coisa, no final de abril e início de maio 2012, quando fui, haviam estabelecimentos que aceitavam cartões, mas eram minoria. Leve dinheiro em espécie (dólar, euro ou peso chileno).

Quanto à hospedagem, existem diversas opções. Há campings (nos quais você pode levar sua própria barraca, ou alugar uma barraca pagando um valor há mais), hostels, pousadas, hotéis de diversas categorias, vale a pena dar uma boa pesquisada sobre qual é a melhor opção para você.

Eu fiquei hospedada no Hotel O’Tai (http://www.hotelotai.com), que fica próximo ao centrinho comercial de Hanga Roa, da Igreja e da Feira de artesanato. Como eu comprei um pacote num site de compra coletiva, não sei dizer exatamente, o custo. Não tive reclamações, o quarto que eu fiquei era bom, tinha uma sacada, o banheiro também era ótimo. Com wifi e ar condicionado cobrados à parte (tudo é cobrado à parte). O hotel era grandinho, tinha um local de encontro com cadeiras e poltronas dispostas em toda sua extensão, além de uma piscina. Além de ter um a réplica de um Moai em sua frente. E, quando eu fui (adivinhem só!), tinha um gatinho para me recepcionar toda vez que chegava dos passeios. Super dócil, teve um dia que quis dormir no quarto comigo (mas fiquei com medo dele ficar desesperado para sair e acabei não deixando). Ponto para o hotel amigo dos felinos! =^.^=

Gatinho e eu, frente do hotel e piscina


Como eu já disse, tudo na Ilha é caro, principalmente a comida. Por isso, optava por fazer lanches rápidos quando as refeições não estavam inclusas nos passeios. Mas, se você tiver disposto a pagar um pouco mais para conhecer a culinária típica da Ilha (basicamente de peixes e frutos do mar, foi onde eu aprendi a comer ceviche e camarão) dou duas sugestões de restaurantes que eu fui e gostei.

* Kuki Varua (http://www.kuki-varua.cl): Fica em Hanga Roa, provavelmente dá para você ir a pé dependendo do lugar onde você estiver hospedado. Tem um clima agradabilíssimo, parece um píer e fica à beira mar, com uma vista espetacular para moais e o azul cristalino daquele oceano. Fora isto, a comida é incrível. Lá é um dos poucos lugares que aceitava cartão quando fui. Não é caríssimo, mas também não é barato.

Camarão + Pisco Sour + Vista para o Mar




* Ballet Kari Kari (tentei acessar o site, mas não estava funcionando): Este não é um simples restaurante, é um show inteiro. Conta com uma van que te leva e traz de volta ao hotel em que você está hospedado. Você chega lá já entrando no clima: pintam o seu rosto, te dão uma bebidinha e você pode tirar foto com o pessoal de trajes típicos Rapa Nui. Depois que todos chegam, é realizada uma cerimônia ao ar livre em que a comida que estava já sendo preparada é retirada do solo (sim, você leu direito). Calma, tudo é feito higienicamente, e não há nenhum olho de cabra para comer. Tudo isto para remeter à antiga cultura Rapa Nui. Depois de retirada a comida, ela é servida à vontade num salão para onde todos são levados. Após a refeição, as pessoas são levadas a um teatro em que há apresentação de músicas e danças típicas Rapa Nui. Sinceramente eu acho que vale a experiência. A procura é grande, então eu recomendo fazer reserva com antecedência (converse na recepção do seu hotel).

Comida sendo preparada, sobremesa (lógico), comida sendo desenterrada, eu pagando mico

No próximo post vou falar sobre o que fazer na misteriosa Ilha de Páscoa! ;)

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Deserto do Atacama - Parte 3: O que Fazer no Deserto?

Bom, agora que já tivemos uma boa noção sobre tudo para garantir uma boa viagem, vamos desbravar o deserto!

Sobre as atrações que visitei:

* City Tour San Pedro do Atacama: Bom, nada melhor começar pela cidade-base em que você provavelmente ficará hospedado. Como você irá perceber, San Pedro é uma cidade minúscula, daquelas que tem praça, coreto e Igreja. Mas ainda assim, vale a pena dar uma voltinha para conhecer um pouco do lugar. A praça é a Plaza de Armas (presente em quase todas as cidades dos países da América Latina), que é o ponto central e onde tudo se concentra. A sua frente, tem a Iglesia de San Pedro de Atacama, que é branquinha e feita de adobe, com teto e porta de de madeira de cactus, com entrada gratuita e é um Monumento Nacional. Ainda, há o Museo Arquelógico Gustavo Le Paige, um estudioso da cultura atacamenha, no qual há vários objetos históricos incas. Na sua frente há um semáforo de raios ultravioletas, indicando a nocividade da irradiação do sol. Você também encontra a Casa Incaica, onde o conquistador espanhol Pedro Valdivia se hospedou quando da conquista do território Inca e é a construção mais antiga da cidade na qual hoje funciona uma loja de artesanato. Também, há Feiras de Artesanato, onde é possível comprar vários souvenirs e objetos típicos da região. E como eu não poderia deixar de falar, numa destas feiras fica uma gatinha chamada Kitty, que é um pouco temperamental, porém adora o carinho, e por isso, pra mim, é uma parada obrigatória todas vez que eu vou! =)


Semáforo de raios ultra violeta, Iglesia de San Pedro de Atacama e Kitty e eu


* Valle de la Luna e Valle de la Muerte: O Vale da Lua e o Vale da Morte provavelmente será o primeiro passeio que você irá fazer no deserto (e eu recomendo começar por ele, por conta da altitude um pouco menor que a dos demais). Este é o passeio que você tem que fazer, senão você não poderá dizer que foi ao deserto. Aqui você encontra o deserto propriamente dito. É uma caminhada leve no meio da Cordilheira de Sal em que você passa a descobrir um pouco mais como todas aquelas formações aconteceram. Ao caminhar, preste atenção no som do estralar dos cristais de sal, devido ao sol quente. Este passeio geralmente acontece na parte da tarde e termina num mirador para poder observar um dos pôres do sol mais bonitos que eu já vi na vida e que é cor de rosa (atualmente perdeu o posto para o por do sol em Oía, Santorini, mas isso é tema para outro post!). Então, além da sua câmera, leve protetor solar (muito), óculos escuro, um chapéu (eu não consigo usar, mas é recomendável), água, colírio, soro fisiológico, tênis confortáveis, roupas leves (mas leve um casaquinho, porque no final do passeio já estará mais frio, e o Vale da Morte tem um vento de lascar).


Em ordem: Valle de la Luna, Três Marias e Dinossauro, Pôr do Sol no Mirante, Valle de la Muerte, Anfiteatro, Pôr so Sol Rosa

* Salar do Atacama: Aqui você já começa a observar que não é porque é deserto, que não existe vida. A primeira vez eu jamais poderia imaginar que eu encontraria flamingos no deserto. Sim, aqui você encontrará três espécies de flamingos, que ficam na Laguna Chaxa para se alimentar. O Salar do Atacama se encontra na Reserva Nacional dos Flamingos (que conta com diversas atrações sobre as quais eu falarei adiante) e é o maior do Chile (maior concentração de sal). Geralmente, as agências que fazem esse passeio incluem nele uma visita ao povoado de Toconao, que foi construído de pedra Liparita e madeira de cactus, sendo uma das oportunidades de se comprar artesanato típico.


Flamingo na Laguna Chaxa, Toconao, Salar

* Lagunas Altiplánicas: Se eu tivesse que escolher a paisagem mais bonita do deserto, com certeza, seria esta. As Lagunas Miscanti e Miñiques também fazem parte da Reserva Nacional dos Flamingos e foram formadas pelas águas da Cordilheira de Sal e pelos vulcões que as cercam e têm águas tão azuis e praias tão clarinhas que a paisagem, por mais que você esteja de lá vendo com seus próprios olhos, parece mais uma tela de pintura a óleo. Aqui você terá a oportunidade de ver várias vicuñas, alguns tipos de pássaro e se der sorte,  um autêntico zorro (raposinha). Geralmente, as agências de turismo incluem no passeio o povoado de Socaire, parando nele para fazer uma refeição tipicamente atacamenha.


Socaire, Vicuñas, dois ângulos das Lagunas

* Laguna Cejar e Ojos del Salar: Outra atração que faz parte da Reserva Nacional dos Flamingos. Se você gostaria de visitar o Mar Morto, mas o Oriente Médio fica um pouco fora de mão, a Laguna Cejar pode ser uma alternativa. Além de ter um azul lindo, ela possibilita que você nela mergulhe e flutue, devido a sua grande concentração de sal e lítio. Prepare-se: você vai sair totalmente branco dela, mas normalmente as agências levam água doce para que possamos tirar todo o sal que fica grudado na gente. Próximos à Laguna Cejar, estão os Ojos del Salar, nos quais também é possível dar um mergulho, mas por serem de água doce, não há flutuação. Eu consegui entrar na Laguna, apesar da água estar fria no começo, você se acostuma e dá pra aproveitar. Só torça para não começar a ventar e leve sua roupa de banho e uma toalha!

 
Laguna Cejar, Flutuando, Ojos del Salar, Chico que queria sacar una fotita

* Laguna Tebiquinche: Localiza-se próximo à Laguna Cejar (geralmente, os dois passeios são feitos juntos). Possui grande concentração de sal. Tanto que, quando eu fui, água mesmo eu quase não vi (a quantidade depende das chuvas e do degelo), e era possível caminhar sobre a laguna, que mais parecia neve olhando de longe, de tão branquinha que estava. Dá para tirar várias fotos legais aqui (daquelas, de colocar na capa do Facebook).


Um pouco de água com sal, no meio da Laguna, não é neve, é sal, metendo o pé no sal

* Geysers de Tatio: Prepare-se. Este é o passeio que sai às 4hs da manhã do hotel (converse na recepção de onde estiver hospedado, normalmente os hotéis oferecem um lanchinho para você levar e comer no caminho). Além disso, é o passeio mais frio do deserto (pelo menos de todos os que eu fui, peguei -10ºC em pleo verão). Portanto, use roupas próprias para frio, preferencialmente térmicas. Mas todo esse perrengue vale a pena. Trata-se de um centro geotérmico e a atividade dos geysers só é possível de se observar bem cedinho (às 6hs da manhã). Basicamente, é um monte de fumaça saindo pelo solo, já que as águas que por lá passam são naturalmente aquecidas pelo vulcão El Tatio. Por causa disso, há pisicinas naturais de água bem quente, onde é possível se banhar (aqui, só posso desejar sorte e tudo de bom para quem tentar, entrar na água quente é fácil, mas vai sair depois no frio do cão...). Você também vai ver um monte de gringo sem vergonha tirando a roupa sem o menor pudor pra entrar nas pisicinas. Ao final, as agências costumam servir um café da manhã aquecido pelo vapor dos próprios geisers. Na volta, as agências costumam passar pelo Povoado de Machuca, que contam com apenas sete habitantes e no qual você pode provar espetinho de carne de llama (não tive coragem).



* Salar de Tara: Sim, eu sei, a este ponto você deve estar pensando: Mas, outro salar?? Já vi tantos, pra que ver mais um? Bom, eu mesma fui neste apenas da segunda vez que visitei o Atacama, até porque estava muito caro da primeira vez que eu fui. Enfim, eu acho que as fotos por si só convencem (pra mim, aqui é o 2º lugar no prêmio de melhor paisagem). Mas só o percurso de ida vale a pena. Este passeio eu fiz com um guia particular (Felipe, que mencionei no post anterior) e andamos praticamente de off road no meio do deserto (sim, você tem que ser forte para grandes emoções!). Tem hora que parece que você vai cair no meio de um abismo, mas não. Para quem já foi, assemelha-se muito aos passeios de bug nas dunas do Nordeste Brasileiro, mas com mais areia. E quando você chega no salar, é uma paz e uma beleza tão grande e com uma quantidade de flamingos muito maior que a do Salar do Atacama. Como é uma atração aberta ao público relativamente recente com relação às demais, o lugar não conta com muita infra estrutura (pelo menos até o fim de 2012), então não se assuste se não tiver banheiro e você tiver que ir num matinho qualquer...

El Indio, Caminho para chegar no Salar, Chegando ao Salar de Tara, Flamingos, Llama e bichinho fofo saindo da toca

* Vale do Arcoiris: Eu só conheci o Vale do Arcoiris porque no dia, estava previsto para eu escalar o Vulcão Cerro Toco, mas, devido à altitude e ao cansaço, eu não consegui ir até o final (foi a única vez que eu senti, de fato, as mazelas do soroche). Assim, como sobrou tempo, acabei indo até lá. É um vale com formações rochosas de argila e minerais que formam diversas cores e fica ao pé do Rio Grande e seu povoado. Sinceramente, eu acho uma atração "passável", perto das outras tantas que há para conhecer.




* Vulcões: O deserto do Atacama é rodeado de vários Vulcões. O primeiro que você avistará é o Licancabur, que na realidade, fica do lado boliviano. Ele é onipresente em San Pedro e você o avistará em quase todos os passeios que fará. Há ainda aqueles que já mencionei durante as atrações anteriores. Bom, diante desta fartura de vulcões, a prática de trakking é muito grande. Contudo, não é uma coisa fácil de se fazer. Depende do vulcão escolhido, da sua prática, de várias condições. Nunca faça isso sozinho, procure agências ou guias especializados e faça apenas de acordo com a sua possibilidade. Há vários vuclões escaláveis, sendo o próprio Licancabur um deles, mas você tem que passar para o lado boliviano para fazê-lo. Do lado chileno há o Lascar, Cerro Toco, Ojos del Salado, Sairecabur, entre outros. Eu tentei escalar o Cerro Toco, mas não consegui ir muito além da metade. Mesmo já habituada com a altitude e com um bom condicionamento físico, a altura me pegou de surpresa e eu nunca senti tanta tontura na vida. Se você quiser ler meu relato, você encontra no meu outro blog! (Fefa's Mind: O dia em que NÃO escalei um vulcão: http://fefamind.blogspot.com.br/2013_02_01_archive.html) ;)

Vulcão Licancabur, Vista da subida do Vulcão Cerro Toco, preparação para subir o Vulcão, Desistindo...


* Tour Astronômico: Caso você não saiba (até eu ir para lá, eu também não sabia), o Atacama é o melhor observatório do céu do planeta, devido às condições climáticas que o deserto mais árido do mundo proporciona (quase não chove e não há nuvens), além de sua grande altitide. Inclusive, lá é o local onde se desenvolve o Projeto Alma (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array - você pode saber um pouquinho mais sobre este projeto em seu site: http://www.eso.org/public/brazil/teles-instr/alma), uma cooperação entre Europa, Estados Unidos, Ásia e Chile e que consiste num telescópio de última geração que estuda a radiação produzida por alguns dos objetos mais frios do Universo. Algumas agências de viagem proporcionam uma ida a pequenos observatórios com telescópios potente, no qual você pode observar o céu em toda sua plenitude. Porém, este tour não é possível em todos os dias do mês, pois a Lua cheia atrapalha a observação das estrelas e ele também não ocorre quando o ceú está nublado (o que é raro, mas pode acontecer, inclusive, aconteceu na minha segunda visita ao deserto). Eu fiz o tour pela Agência Space, sobre qual já falei no post anterior. Repito que eles são muito honestos quanto à possibilidade ou não de fazer o tour (em razão da Lua cheia ou céu nublado). Também, como já disse, este é um tour feito à noite e inclui o transfer até o observatório. Lá há uma explicação de um astrônomo e você pode ver o céu pelos telescópios. Ao final, eles oferecem um chocolate quente, um café, um chá de coca (a sua escolha) e um cobertor, porque, além do frio noturno, o lugar é totalmente aberto, Portanto, não subestime o frio e vá bem agasalhado! ;)
 


Lua vista do Telescópio


Agora vou falar um pouco sobre as atrações que não visitei (por isso não tem fotos, já que todas as aqui postadas são de minha autoria), seja por falta de tempo, seja porque não me interessei (mas você pode se interessar!):

* Tour Arqueológico: o Atacama é o maior sítio arqueológico do Chile. Lá você consegue encontrar escavações de construções dos antigos povos atacamenhos, além de muitos petroglifos. Este tour costuma passar pela Aldeia de Tulor, que consiste em antigas habitações típicas e formam o padrão de círculos. Também, há a Pukara de Quitor, que é uma fortaleza (Pukara) onde ocorreu a batalha na qual os espanhóis conquistaram os índios atacamenhos.

* Termas de Puritama: Como o próprio nome diz, são piscinas naturais de água quente (em torno de 30ºC) e seu nome siginifica exatamente isto (puri=água e tama=quente). Nela existem minerais que dizem ter poderes curativos para reumatismo e você pode se banhar nelas.

* Salar de Talar: Apesar do nome, não tem nada a ver com o Salar de Tara. Sim, é outro salar que fica um pouco mais distante de San Pedro. Não tenho como descrever porque nunca visitei (apesar de querer fazê-lo), mas quem já foi garante que é mais uma dessas paisagens bestificantes do deserto. Em todas as agências que eu passei nunca vi oferecerem este passeio, mas tenho certeza que uma ou outra deve fazê-lo.

* Sul da Bolívia: Pela proximidade, várias agências oferecem tours para atrações do Sul da Bolívia, que podem ter durações variadas (um dia, três dias, etc...). Esta era uma coisa que eu realmente gostaria de fazer, mas que devido ao tempo exíguo que tinha nunca consegui. Lá você pode observar as Lagunas Verde e Colorada, famosas pela sua coloração verde esmeralda e vermelha, cujas cores se modificam conforme o passar o dia e a movimentação dos minerais que nelas se encontram. E também, o tão conhecido Salar de Uyuni, que é a maior planície de sal do mundo.

Bom, do Atacama era o que eu tinha para dizer. No próximo post encerrarei as dicas sobre o Chile com a Ilha de Páscoa.